VÁ EMBORA, Dr. PAULO GUEDES!
Aristophanes Pereira
Uma das coisas mais difíceis, para o ser humano, tanto no plano material, físico,
como nas associações imateriais, psíquicas, é enxergar a realidade,
como ela é, ou entender as relações cognitivas, pelo que elas dizem. Desde o começo das civilizações científicas, o
homem levou milhares de anos para se certificar de que o planeta que
habitamos gira em torno do Sol e, ainda hoje, muitos juram que essa
mesma Terra é plana. Vivemos uma permanente incerteza, em relação ao que nos cerca, e interagimos em meio a dúvidas e incompreensões com o próximo.
Vejam como é difícil perceber a realidade: Em uma entrevista divulgada hoje(2/3/21) pelo canal Primo Rico, do youtuber Thiago Nigro, o supostamente lúcido ministro da Economia, Dr. Paulo Guedes, faz diversas e demoradas considerações, em tom de defesa, para se dizer tranquilo, “certo de que está ajudando o Brasil” e que só vai embora se alguém mostrar que “estou fazendo algo muito errado”.
Pela concessão que ele fez, sem explicitar quais seriam as qualificações exigidas do “alguém” que poderia, eventualmente, se contrapor à sua conduta pública, resolvi, mesmo com minhas modestas credenciais, mostrar-lhe o que ele está fazendo de muito errado. Quase cúmplice de um crime de lesa pátria.
Economista acreditado, entre muitos de sua Escola e alhures, Posto de Combustível vital, para abastecer um governo pretensamente liberal e progressista e Ministro-Plenipotenciário da Economia, o Dr. Paulo Guedes,
incoerentemente, demonstra não enxergar a absurda realidade, tão
próxima de si. No campo da Psicanálise é passível de identificar-se como
um surto da Síndrome de Stockholm, quando o indivíduo vitimado passa a ter afeição e indulgência pelo seu agressor.
Já transcorridos mais de dois preciosos anos,
de um período de quatro, ele não percebe e não entende que está
prestando serviços e apoio a um (des)governante que o maltrata – errático, desagregador, personalista e avesso a um projeto de reconstrução nacional – na pessoa
de um antigo capitão indisciplinado, de um manjado ex-deputado de
factoides e de interesses clericais, de um presidente destrambelhado – o
qual, em recente opinião do sensato e experimentado senador Tasso Jereissati, “é um cara que precisa ser parado”.
Na sua desarrumada entrevista, com pedaços de ingenuidade, patetices e exagerada resiliência, o Dr. Guedes chega a dizer que “tem noção de compromisso enquanto puder ser útil e gozar da confiança do presidente”.
Não dá pra entender e assimilar essa “confiança presidencial”, que
sabota os seus projetos de reformas, desacredita e humilha seus
auxiliares de maior expressão estratégica, como nos casos notórios da Petrobras, Banco do Brasil, Programa de desestatização,
dentre outros. Foram puxadas de tapete e frituras que beiram a
insensatez, o deboche e a estupidez, com repercussões patrimoniais
danosas e descrenças nos mercados, em prejuízo do País.
Além disso, na sua formatação de homem público, com princípios éticos mais apurados, como pode o Dr. Guedes
negar solidariedade e fazer cara de paisagem perante colegas
sacrificados pelas vaidades, facciosismo e voluntarismo do seu
Presidente? São episódios notórios que respigam manchas na
História, como a saída de corretos generais (Santos Cruz e Rego Barros),
de dedicados e competentes ministros (Mandetta, Nelson Teich e Sérgio
Moro) e de inúmeros outros meritórios funcionários, barrados em suas
missões de bem servir ao Brasil.
Não, Dr. Guedes!
Sem desmerecer sua dimensão funcional, seus currículos acadêmico e
empresarial e seu declarado propósito de “se tornar um ser humano
melhor”, curvar-se a tais níveis de ignominia é um desserviço ao país.
Servir com tão cega dedicação a um presidente imprevisível,
individualista, ostensivamente incompetente, e incapaz de dar uma
diretriz organizada, em momento tão grave para o nosso pais, é um erro notório e incomensurável, do qual o senhor só poderá se redimir, ao se libertar dessa equivocada ilusão e for embora.
PS.: Sem
opção exequível, não escondo que ajudei a eleger o Sr. Jair Messias
Bolsonaro, em 2018, como via de tirar o Brasil de um mal já conhecido e
experimentado. Tinha esperanças de que era possível um ponto de
inflexão, para algo melhor. Engano, desencanto e frustração, mas
continuo no bom combate.
Jaboatão dos Guararapes-PE,2/3/21.
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