Exclusivo: Previ encerra ciclo de ‘superacionista’ e aposta em diversificação
A Previ, maior fundo de pensão do país, está fechando um capítulo marcante de sua história no mercado acionário. Se no passado chegou a deter fatias expressivas em empresas, como 25% da Vale e 30% da Neoenergia, o momento agora é reduzir cada vez mais a concentração em ações e pulverizar participações.
“Não veremos mais uma Previ com grandes blocos de controle”, afirma Cláudio Gonçalves, diretor de investimentos, em entrevista ao InvestNews. O presidente João Fukunaga, no entanto, faz uma ressalva: a mudança não significa abrir mão de influência. Segundo ele, a Previ continuará atuando em conselhos de companhias consideradas estratégicas, com o objetivo de proteger os investimentos de seus quase 200 mil cotistas.
O reposicionamento do fundo dos funcionários do Banco do Brasil reflete a realidade do Plano 1 (PB1), criado para funcionários admitidos a partir de 1967, fechado para novas adesões desde 1997 e voltado a trabalhadores do BB admitidos até essa data.
É a “joia da coroa” da Previ: concentra cerca de R$ 230 bilhões em ativos e responde pela maior parte da folha de benefícios pagos pela entidade. Hoje, quase 98% dos 106 mil participantes do PB1 já estão aposentados ou pensionistas, o que torna o plano maduro e dependente de liquidez permanente para honrar os compromissos.
Por isso, a estratégia de investimentos é conservadora. Desde 2012, a Previ executa uma política chamada internamente de “imunização de passivo”, que busca casar ativos com obrigações futuras. A meta é reduzir gradualmente a exposição em renda variável para 24% até 2030, reforçando o peso de títulos públicos de longo prazo. Atualmente, cerca de 25% dos investimentos do Plano 1 estão em ações de empresas, em especial de Vale, Tupy e Vibra.
O ambiente atual de juros altos deu impulso à transição: só em 2025, a entidade realocou R$ 7 bilhões para NTN-Bs, títulos públicos atrelados ao IPCA, com taxa média próxima de IPCA +7,35% ao ano. Esse retorno está bem acima da meta obrigatória do fundo, que é de inflação +4,75% ao ano, garantindo maior ganho e previsibilidade no fluxo de pagamentos.
Girando a carteira
A guinada já é visível na carteira do fundo – no primeiro semestre, a Previ vendeu cerca de R$ 7 bilhões em ações de empresas.
Segundo levantamento feito pelo InvestNews, com base nos relatórios da Previ, de julho de 2024 a julho deste ano, o fundo zerou posição em empresas como Bradesco, Eletrobras, Ultrapar, BB Seguridade, B3, Raia Drogasil e Copel, somando cerca de R$ 5,5 bilhões. Só na BRF, o montante levantado com a venda das ações foi de R$ 1,9 bilhão, encerrando um investimento de quase 30 anos na dona da Sadia e da Perdigão.
“O trabalho é diário e não se pode prever market timing [dinâmica de preços do mercado] de renda variável. As decisões são tomadas conforme as informações chegam, considerando taxas de juros e dados econômicos. Há planejamento, mas ele é ajustado constantemente como um diário de bordo”, diz Gonçalves.
Mais recentemente, a Previ também vendeu toda a sua participação na Neoenergia por R$ 12 bilhões, bem acima da marcação que a empresa de energia tinha no portfólio, de cerca de R$ 10 bilhões, com valorização acumulada de aproximadamente 145%. O destino do montante, que ainda vai entrar no caixa da Previ, ainda será definido.
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https://investnews.com.br/negocios/previ-fim-ciclo-acionista-engajada/
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