DIVAGAÇÕES(SEM COMPROMISSO) DE FIM DE ANO
Aristophanes Pereira
Esses tempos de passagem de um ano para o outro, em quaisquer medidas e lugares - no calendário chinês, cristão, ou judaico – mexem com a cabeça das pessoas, provocando momentos de reflexão, sobre ganhos e perdas do passado, e alinhamento de esperanças, para o futuro.
Observo que o panorama da transição atual, marcada pelo fim da buliçosa vintena inicial do século XXI, vem sendo pintado, pelos observadores e cronistas de plantão, com cores fugidias e variadas. A velocidade e superposição dos eventos analisados não nos permitem enxergar, com nitidez, o que se passa e, muito menos, projetar, com segurança, tendências de acontecimentos futuros.
As opiniões variam conforme a experiencia profissional, a formação acadêmica, a faixa etária, a religião, o gênero, a ideologia e, até, o humor momentâneo. O mínimo que se pode ponderar é que são muitas e diversificadas – e tendenciosas – as cabeças opinativas.
Sei que não existem paradas, na trajetória evolucionista. As grandes mudanças físicas e biológicas por que passaram os humanos terráqueos foram significativas, mas se arrastaram por milhões de anos. As mudanças de comportamento e civilizatórias são recentes, e já marcadas na escala de “dezenas de milhares de anos”, como foi a mudança de nômades caçadores-coletores para agricultores estáveis. Na progressão, os saltos mudancistas têm sido exponenciais, a despeito de freios episódicos e pontuais.
Não mais presenciarei o futuro de próximos feitos inovadores, mas sei que eles virão, com velocidade e repercussões sensíveis, haja vista que sou fruto escolado e contemporâneo de um tempo que, igualmente, presenciou grandiosas transformações, velozes e radicais.
Assusta-me, contudo, o quadro que já começa a ser previsível e delineado, por cientistas e filósofos, das mudanças decorrentes de inovações disruptivas, notadamente, nas áreas de automação, big data(grande conjunto de dados), inteligência artificial(AI) e biotecnologia. Os poucos detentores e gestores desses fantásticos poderes se apartarão do resto, que se subordinará a novos ambientes de servidão.
Para ilustrar os motivos de minhas assombrações, recorro ao meu museu particular de mudanças tecnológicas, para mostrar, na minha foto abaixo, o que foi superado nos últimos 30 anos, pela força de um revolucionário “gadget” que o genial Steve Jobs, jovem fundador da Apple, anunciou ao mundo, em janeiro de 2007: O iPhone! (ou, genericamente, Smartphone).
Lá se foram, em curto período, as dispendiosas filmadoras e projetores, o efêmero FAX, pesados computadores, gerações de celulares, vídeocassetes e outros dispositivos eletrônicos. Uma parafernália, superada por um aparelhinho(iPhone assinalado no primeiro plano da foto), cômodo, versátil, de baixo custo, facilmente operado que, ajudado pelos apps inteligentes, destruiu consolidadas e seculares indústrias e serviços correlatos, de trilhões de dólares, trazendo veículos de inovações, também, aos comportamentos da Sociedade. Não dá pra duvidar das transformações em marcha, e quem não se antenar quebra a cara.
Jaboatão dos Guararapes, 28/12/2019
Obs:Foto do autor.