DEPOIS DA TEMPESTADE VEM A BONANÇA. SERÁ?!
Não é necessária uma pesquisa
demorada e pormenorizada, para logo avaliarmos e mensurarmos, no decorrer dos últimos 5 anos(2014-2018), as continuas e cumulativas perdas reais de
renda do grupo de participantes do Plano
1 da PREVI, nas condições de aposentados e pensionistas e, logo mais, dos poucos restantes na ativa.
Já explorei essa quantificação em
comentários anteriores, apontando nos cálculos mais otimistas uma perda real que, atualmente, deve
estar em torno de 15%. Quer dizer:
quem tinha um PODER DE COMPRA,
A PREÇOS CONSTANTES, de R$10.000,00, em 20/12/2013, está com
seu PODER DE COMPRA, em 20/09/2018, reduzido a
cerca de R$8.500,00!
Reconheço a impossibilidade de um cálculo
preciso desse valor, haja vista a existência de muitas variáveis distintas e
circunstâncias de difícil mensuração. É
fora de dúvida, entretanto, que a perda real, na média, fica em torno do valor
apontado.
Só para exemplificar, um dado,
facilmente percebido, foi a abrupta perda de 1(um) ano de BET(20%) e a retomada de cobrança da contribuição mensal à PREVI(4,8%). Assim,
para um benefício(Previ-P300) mensal
de R$10.000,00, essa redução
alcançou o percentual de (20+4,8=24,8%), ou um valor absoluto de R$2.480,00, totalizando, no final do
desastroso ano de 2014, a importância de
{(R$2.480x12)+480}=R$30.240,00.
Sem querer fazer terrorismo
financeiro, calculo que, se o “desafortunado colega” que sofreu essa perda tivesse
feito uma aplicação desse dinheiro, de 01/01/2015 até 13/09/2018, com modesta
remuneração pelo INPC + jrs.de 1,00%am, poderia contar, hoje, com uma importância capitalizada de R$58.549,26,
na conta, ou um bonito Chevrolet PRISMA 1.4, na garagem.
Outras perdas diretas(contribuição
extra da CASSI), ou indiretas, como a não atualização da Tabela do IRPF e os
diferenciais entre inflação INPC e inflação real, poderiam ser mostrados para
compor a grande perda que vimos amargando, em torno daquele percentual total
de 15%. Isto porque não se pode
desprezar que uma perda real de renda, como aquela do ano de 2014 e seguintes, destroça
o orçamento da família e gera custos adicionais persistentes, como
inadimplência onerosa de obrigações assumidas(escola, saúde, viagens, etc.) e manutenção
compulsória de gastos indeclináveis.
Esse meu “desenho doméstico” e quase
patético, para demonstrar as perdas
significativas de todos nós, aposentados e pensionistas do Plano 1 da PREVI,
não tem como objetivo malvado cutucar o doloroso calo que a todos incomoda,
cada um no aperto do “seu” sapato. Aqui, o propósito necessário é mostrar concretamente aos gestores da PREVI,
o alto preço que os “donos do fundo” vêm pagando, com uma renúncia direta de
rendimentos da ordem de R$0,5 bilhão por ano, afora as incomensuráveis perdas
indiretas e correlatas. Isso, para tapar uma depressão financeira que eles não
criaram, mas estão sendo compulsoriamente chamados a pagar e sofrer por ela. E
pior: sem receber uma palavra de reconhecimento e conforto. Explicações, quando
são dadas, em nome de uma exaltada transparência de gestão, são montadas sobre
autolouvações de governança e dissimuladas menções aos nossos esforços e
sacrifícios.
Do outro lado da cena – admitidas
como tecnicamente recomendáveis e necessárias as amargas medidas de superação
dos déficits técnicos – não se viu, em contrapartida compensatória, iniciativa,
ou medida excepcional, por parte da PREVI, visando a compreender a queda de renda
de seus dependentes e, com criatividade e vontade política, adotar medidas
paliativas e refrescantes em favor deles. Pelo contrário, o que temos observado é a
preocupação em apertar ainda mais o torniquete, cumprindo o mandamento do velho
ditado que diz “além da queda coice!”, ou seja:
·
O maleável
instrumento do Empréstimo Simples(ES)
foi complicado com a discriminatória fórmula ES-170, e o FQM disfarçadamente
piorado, além de prazos e limites congelados. A adoção das novas regras de Margem Consignável foram aplicadas, com
o cumprimento de outro velho mandamento maquiavélico: ”Aos amigos os favores,
aos mutuários os rigores da lei”.
·
As
execuções de sentenças judiciais relacionadas com processos da chamada Cesta Alimentação foram implementadas “sem
pena nem dó”, em momento de dificuldades para os executados.
·
Pouca ou
nenhuma concessão compreensiva se fez aos mutuários do crédito imobiliário,
quando impossibilitados de seguir regularmente com o mútuo, ou caídos na involuntária
inadimplência.
Essa inflexibilidade da PREVI discrepa,
radicalmente, do comportamento de outras entidades, públicas e privadas que
têm, com engenho e arte, inventado liberalidades sadias, como saques de FGTS,
mutirões de negociação, facilitação de empréstimos, redução de juros, etc. Mas, a PREVI não! Enquanto, hipocritamente, alega
a rigidez e imutabilidade do “Regulamento”, faz vista grossa para as
maquinações de duvidosas conveniências do Patrocinador; explica mas não justifica as
questionadas conduções de negócios prejudiciais aos interesses reais do Fundo
e, de não menos importância moral, acata, na contramão de reconhecidas
dificuldades de muitos, a auferição de benefícios e vantagens extravagantes, por parte de um punhado de administradores,
sem merecimentos excepcionais.
Enquanto isso, em Brasília, o Banco do Brasil faz “cara de paisagem”
para os R$7.500.000.000,00, do seu BED(Benefício Especial Definitivo), em
valores de 2010, hoje equivalentes a
R$33,6
bilhões(repito: R$33,6 bilhões),
corrigidos e atualizados pelo INPC+juros de 12% aa. Importância apropriada
ilegalmente pelo Patrocinador, que tanto faz falta hoje à PREVI – complacente e
conivente com a ilegal Resolução PimenTel. Além disso, sem entrar no mérito das suas
reformas estruturais, compreensivelmente reclamadas pela rápida evolução no perfil
dos negócios bancários, o Banco joga no combalido colo da PREVI, milhares de funcionários
ativos do Plano1, em aposentadorias prematuras que, seguramente, desequilibra
seu projeto atuarial e compromete a liquidez de seu dinâmico e avantajado fluxo
de caixa.
***
Por fim, mudo de assunto. Saio daquele plano menor de
“coisas caseiras” para a busca de um entendimento do que se passa, no plano
maior do espaço brasileiro, nesta era crucial de incertezas e demandas díspares,
enganosas e belicosas. Assim, para não
dizerem que sou otimista incorrigível, colo essas minhas avaliações e
ajuizamentos, à margem dos cenários pessimistas do Dr. Medeiros(A
TEMPESTADE ESTÁ CHEGANDO-11/09) e do Prof. Zanella(QUE SERÁ QUE NOS ESPERA-12/09). Mesmo assim, a despeito de carregar profundas
preocupações, ainda aposto na esperança de que o furacão destrutivo que atingiu
o Brasil perderá força e mudará de direção. E, como todos acreditam, DEPOIS DA
TEMPESTADE VEM A BONANÇA. Será?!
Aristophanes Pereira
Janga,Paulista(PE) – 13/09/18