quarta-feira, 3 de março de 2021

PEDINDO QUE MINISTRO SE AFASTE (Por Aristophanes Pereira)

 

VÁ EMBORA, Dr. PAULO GUEDES!

Aristophanes Pereira

         Uma das coisas mais difíceis, para o ser humano, tanto no plano material, físico, como nas associações imateriais, psíquicas, é enxergar a realidade, como ela é, ou entender as relações cognitivas, pelo que elas dizem. Desde o começo das civilizações científicas, o homem levou milhares de anos para se certificar de que o planeta que habitamos gira em torno do Sol e, ainda hoje, muitos juram que essa mesma Terra é plana. Vivemos uma permanente incerteza, em relação ao que nos cerca, e interagimos em meio a dúvidas e incompreensões com o próximo.

 

         Vejam como é difícil perceber a realidade: Em uma entrevista divulgada hoje(2/3/21) pelo canal Primo Rico, do youtuber Thiago Nigro, o supostamente lúcido ministro da Economia, Dr. Paulo Guedes, faz diversas e demoradas considerações, em tom de defesa, para se dizer tranquilo, “certo de que está ajudando o Brasil” e que só vai embora se alguém mostrar que “estou fazendo algo muito errado”.

         Pela concessão que ele fez, sem explicitar quais seriam as qualificações exigidas do “alguém” que poderia, eventualmente, se contrapor à sua conduta pública, resolvi, mesmo com minhas modestas credenciais, mostrar-lhe o que ele está fazendo de muito errado. Quase cúmplice de um crime de lesa pátria.

         Economista acreditado, entre muitos de sua Escola e alhures, Posto de Combustível vital, para abastecer um governo pretensamente liberal e progressista e Ministro-Plenipotenciário da Economia, o Dr. Paulo Guedes, incoerentemente, demonstra não enxergar a absurda realidade, tão próxima de si. No campo da Psicanálise é passível de identificar-se como um surto da Síndrome de Stockholm, quando o indivíduo vitimado passa a ter afeição e indulgência pelo seu agressor.

         Já transcorridos mais de dois preciosos anos, de um período de quatro, ele não percebe e não entende que está prestando serviços e apoio a um (des)governante que o maltrata – errático, desagregador, personalista e avesso a um projeto de reconstrução nacional – na pessoa de um antigo capitão indisciplinado, de um manjado ex-deputado de factoides e de interesses clericais, de um presidente destrambelhado – o qual, em recente opinião do sensato e experimentado senador Tasso Jereissati, “é um cara que precisa ser parado”.

         Na sua desarrumada entrevista, com pedaços de ingenuidade, patetices e exagerada resiliência, o Dr. Guedes chega a dizer que “tem noção de compromisso enquanto puder ser útil e gozar da confiança do presidente”. Não dá pra entender e assimilar essa “confiança presidencial”, que sabota os seus projetos de reformas, desacredita e humilha seus auxiliares de maior expressão estratégica, como nos casos notórios da Petrobras, Banco do Brasil, Programa de desestatização, dentre outros. Foram puxadas de tapete e frituras que beiram a insensatez, o deboche  e a estupidez, com repercussões patrimoniais danosas e descrenças nos mercados, em prejuízo do País.

         Além disso, na sua formatação de homem público, com princípios éticos mais apurados, como pode o Dr. Guedes negar solidariedade e fazer cara de paisagem perante colegas sacrificados pelas vaidades, facciosismo e voluntarismo do seu Presidente?  São episódios notórios que respigam manchas na História, como a saída de corretos generais (Santos Cruz e Rego Barros), de dedicados e competentes ministros (Mandetta, Nelson Teich e Sérgio Moro) e de inúmeros outros meritórios funcionários, barrados em suas missões de bem servir ao Brasil.

         Não, Dr. Guedes! Sem desmerecer sua dimensão funcional, seus currículos acadêmico e empresarial e seu declarado propósito de “se tornar um ser humano melhor”, curvar-se a tais níveis de ignominia é um desserviço ao país. Servir com tão cega dedicação a um presidente imprevisível, individualista, ostensivamente incompetente, e incapaz de dar uma diretriz organizada, em momento tão  grave para o nosso pais, é um erro notório e incomensurável, do qual o senhor só poderá se redimir, ao se libertar dessa equivocada ilusão e for embora.

PS.: Sem opção exequível, não escondo que ajudei a eleger o Sr. Jair Messias Bolsonaro, em 2018, como via de tirar o Brasil de um mal já conhecido e experimentado. Tinha esperanças de que era possível um ponto de inflexão, para algo melhor. Engano, desencanto e frustração, mas continuo no bom combate.

Jaboatão dos Guararapes-PE,2/3/21. 

Imagem copiada de site do Google.

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